sábado, 13 de agosto de 2016

Com casos em Camaçari (BA), doença contagiosa transmitida por animais tem efeito devastador

Doença pode ser transmitida por meio de mordidas ou arranhadura de animais domésticos
Doença pouco conhecida, a esporotricose, causada pelo fungo Sporothrix schenckii, voltou aos holofotes quando uma epidemia apareceu no Rio de Janeiro. Mas desta vez, o motivo da preocupação está na Bahia. No final de 2015, a Secretaria de Saúde de Camaçari emitiu um alerta para informar a população do risco da doença, que pode ser transmitida para humanos. Os casos registrados na cidade preocupam pela pouca informação da doença, e as autoridades temem que novos casos se espalhem por todo o estado.
Os principais sintomas são as lesões ulceradas na pele, ou seja, feridas profundas, geralmente com pus, que não cicatrizam e costumam evoluir rapidamente, localizando-se principalmente na face, orelhas e membros, semelhantes à leishmaniose. Nos animais domésticos, principalmente gatos, pode ser mortal. Já em humanos, tem cura. Para entender como essa doença pode atingir o ser humano e sua forma de tratamento, o Varela Notícias entrou em contato com o clínico geral Jorge Abbud.
Doutor Abbud afirma que os primeiros sintomas podem ser confundidos com outras doenças, o que muitas vezes dificulta o tratamento. “Inicialmente pode ser confundido com picada de inseto ou mesmo lesões como herpes e sífilis. Com a evolução, em alguns dias, a lesão aumenta, cria uma ulceração que elimina secreção”, disse, acrescentando que nesse momento a doença é mais facilmente diagnosticada.
Quando questionado sobre óbitos em humanos, ele afirma ser mais raro. “Os animais geralmente adquirem a forma disseminada envolvendo os órgãos internos e podem evoluir para a morte. Nos humanos a fatalidade é um ocorrência rara.”
Em relação à contaminação, o médico afirma que não existe só uma forma de contágio e que não é necessário o paciente estar imunodeprimido para acontecer. “O paciente não precisa estar imunocomprometido para contrair a doença. Geralmente a infecção pelo fungo Sporithrix Schenckii (no Brasil pelo Sporothrix Brasiliensis) se dá pelo ferimento com gravetos ou espinhos ao se manusear terra e plantas contaminadas ou a mordedura ou arranhadura por animais contaminados (cães e principalmente gatos).”
A esporotricose pode acontecer de diferentes formas, atingindo e comprometendo vários órgãos. O médico explica que algumas são mais comuns que outras. “A forma mais comum é a cutâneo linfática. A forma mais grave e que acomete pessoas imunocomprometidas é a forma cutâneo disseminada, que apresenta lesões tumorais ulceradas por todo corpo, além de poder acometer órgãos internos como pulmões, testículos, ossos e articulações; nesta última, o contágio é por ingestão do fungo”, falou.
“O tratamento da doença é feito por substâncias antimicóticas cutâneas como iodeto de potássio. A forma cutâneo linfáticos, deve ser tratada com antimicóticos de uso oral e as formas disseminadas por antifúngicos via sistêmica. As formas mais leves podem ter cura espontânea.” afirma o médico.
Geralmente, a forma mais comum de se contrair a doença é por seu animal doméstico, e depois da epidemia no Rio de Janeiro, a vigilância sanitária criou uma campanha chamada “Esporotricose- um risco para seu gato e para você” com a intenção de conscientizar a população.
Reprodução
Reprodução
Quando a doença não é tratada em um paciente com imunidade baixa é possível desencadear um quadro mais grave da mesma. A versão cutânea e disseminada não é tão comum, mas em Maria* (nome fictício), 56 anos, portadora de diabete tipo 2 não tratada, causou um grande problema em sua saúde. A paciente tinha complicações no joelho cuja cultura mostrou o fungo Sporothrix, agente da Esporotricose. Para tratar o seu caso, Maria fez uso de uma medicação antifúngica que acabou levando a uma hepatite medicamentosa. “Inicialmente quando começaram a aparecer os caroços na minha pele, achei que era uma espinha, um pelo encravado ou até uma picada de mosquito e por isso demorei muito de ir ao médico. Quando finalmente comecei a sentir incomodo no joelho que fui diagnosticada com artrite por causa da Esporotricose.”, disse.
Existe mais de uma forma de apresentação da doença, de acordo com a Universidade Nacional Autônoma do México:
Cutâneo localizada: Formação de ínguas, nódulos avermelhados que podem aparecer nos olhos e na boca.
Cutâneo linfática: Caracterizada por nódulos que podem ferir e que depois formam um cordão duro que atinge os gânglios através dos vasos linfáticos. Também ocorrem ínguas.
Cutâneo disseminada: Os nódulos se disseminam pela pele. É mais frequente em imunodeprimidos.
Extracutâneas: Pode afetar como ossos, testículos, pulmões, articulações e o sistema nervoso e os sintomas dependem da área afeta, sendo similares ao de uma tuberculose quando afetam os pulmões e a similar a uma artrite infecciosa quando afetam ossos e articulações. Costumam estar associadas a febre, náusea e perda de peso.
Quando seu animal doméstico é diagnosticado com esporotricose, o indicado é levá-lo para um veterinário ao invés de abandoná-lo na rua, já que dessa forma o fungo pode ser disseminado mais facilmente pelo contato com outras superfícies. Se o animal for a óbito, a melhor opção é cremar o corpo já que o fungo pode sobreviver e contaminar o local que ele foi deixado ou enterrado.

Nenhum comentário:

Postagem em destaque

CONTINUA INTERNADO EM MINAS FILHO DO EMPRESARIO WENDEL DA PERFIL