sábado, 18 de julho de 2015

Homem morto depois de abordagem policial será enterrado após 2 anos


Familiares do auxiliar de serviços gerais Antônio de Araújo, que foi encontrado morto em 2013 após abordagem policial no Distrito Federal, decidiram enterrá-lo no próximo domingo (19). A cerimônia ocorre 2 anos e 2 meses após o sumiço. Irmãos decidiram manter a osssada no IML até o indiciamento dos suspeitos. No dia 1º de julho, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público contra dois policiais militares por tortura e morte do homem.

Irmão da vítima, Mauricio Araújo publicou dados sobre o enterro em uma rede social, que ocorrerá às 12h no cemitério de Planaltina. "Seus restos mortais serão sepultados com a dignidade que ele merecia", disse.

A vítima desapareceu em 27 de maio de 2013 após ser abordado por PMs da região dentro da chácara de um sargento da corporação, no Córrego do Atoleiro, no bairro Arapoanga. Os restos mortais de Araújo foram encontrados quase seis meses depois, em 21 de novembro, em uma área de cerrado do Setor Residencial Leste. Até então, o caso estava na Divisão de Repressão a Sequestros (DRS) e era tratado com “desaparecimento”. A partir daí, foi transferido para a Coordenação de Homicídios, mas sem avanços.

Passados dois anos desde a morte do auxiliar de serviços gerais, a família cobrava respostas. Com a troca de equipes na unidade especializada no início deste ano, as investigações tomaram outros rumos e os dois policiais militares acabaram indiciados no fim de maio deste ano e denunciados pelo MP.

O inquérito foi finalizado pela Coordenação de Homicídios da Polícia Civil no final de maio deste ano e, segundo as investigações, Araújo morreu após uma hemorragia interna causada por chutes pelo corpo. O laudo do Instituto de Medicina Legal elaborado no ano passado já havia indicado que a vítima teve quatro costelas quebradas e que as fraturas foram produzidas por um “agente contundente”, como “socos e chutes”, e não por queda ou acidentes.

Conforme o documento, peritos do Instituto de Criminalística analisaram tecidos de pele da área afetada pelas pancadas e concluíram que a vítima teve hemorragia. O exame histopatológico apontou ainda que as lesões internas e os traumatismos teriam ocorrido quando o homem ainda estava vivo.

Neste ano, um dos seis policiais envolvidos na abordagem também confirmou em depoimento na delegacia especializada que Antônio foi agredido fisicamente. Na denúncia do Ministério Público, Carlos Roberto e Silvano Dias foram apontados como os autores das pancadas que mataram o auxiliar de serviços gerais.

A violência teria sido cometida após os PMs terem sido acionados pelo sargento, dono da chácara onde Araújo foi encontrado durante a madrugada. Na mesma semana, ele tinha deixado o Hospital Regional de Planaltina por problemas com alcoolismo. Mas, ao localizá-lo na propriedade – acreditando que a vítima fosse bandido –, começaram agredi-lo para que ele confessasse onde estariam os supostos comparsas.

À época, Silvano Dias era cabo da PM e foi promovido a sargento. Ele e Carlos Roberto faziam parte da primeira guarnição da PM que chegou à chácara para verificar o chamado do sargento de que tinha alguém na propriedade. O policial que dirigia a viatura não teria participado das agressões, mas confirmado que elas existiram. Outra viatura com três policiais foi acionada em seguida, e eles teriam sido os responsáveis por levar Antônio até a 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), onde foi liberado após averiguação de que ele não tinha cometido crime.

A ossada de Antônio foi encontrada a cerca de um quilômetro da delegacia, debaixo de um pé de pequi em uma área de cerrado, mas próximo de casas. A possibilidade levantada pelos agentes da Polícia Civil é que ele tenha caminhado, embora debilitado, até o local e morrido em razão das lesões e hemorragia.

Não há evidências de que as agressões tenham sido cometidas na área onde os restos mortais de Araújo foram encontrados e nem da participação de nenhum dos três policiais da segunda guarnição. O Globo - Foto: Reprodução/TV Globo

Nenhum comentário:

Postagem em destaque

CONTINUA INTERNADO EM MINAS FILHO DO EMPRESARIO WENDEL DA PERFIL