quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Comando Vermelho disputa comércio de drogas e armas com PCC na Bahia

A morte de mais de 20 pessoas em presídios pelo país, no início do mês passado, é resultado do fim do acordo de paz entre as duas maiores facções do país
A facção criminosa Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, também está na Bahia. Em reportagem publicada no último dia 27, o CORREIO mostrou que a facção carioca vem apostando no fornecimento de armas e drogas no mercado baiano, até então dominado pela maior facção do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC), de origem paulista. A região Sul do estado tem sido a porta de entrada para a quadrilha carioca.

“Historicamente, existe sempre uma tentativa de entrada do CV, mas ainda não há uma consolidação, porque não há seguidores, diferente do PPC, que é mais organizado”, declarou o promotor Luciano Taques Ghignone, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público do Estado (MP-BA).
A morte de mais de 20 pessoas em presídios pelo país, no início do mês passado, é resultado do fim do acordo de paz entre as duas maiores facções do país. Diante disso, a polícia baiana ligou o alerta e agora monitora os grupos. Segundo o promotor, que diz acompanhar a situação com cautela, “o monitoramento específico é realizado dentro das unidades prisionais pela Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) e, fora delas, pela Secretaria da Segurança Pública através da Superintendência de Inteligência (SI)”, comentou ele.
“Quando a Seap percebe dentro dos presídios um clima diferente, começa a surgir alguma liderança, paralelo a isso, a SSP detecta o aumento de homicídios numa determinada área, essas informações são passadas ao MP-BA e a gente busca transferências de detentos”, detalhou o promotor.
O diretor do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), delegado Jorge Figueiredo, afirma que a Bahia nunca foi marcada pela rivalidade entre CV e PCC, mas confirma que a polícia tem acompanhado a movimentação dos grupos.
“Aqui, verificamos a presença do PCC apenas como distribuidor (de drogas e armas), independente de qual seja o interessado. Os grupos locais têm mais força, firmando o PCC apenas como aliado no que se refere a fornecimento”, disse o diretor do Draco, ao garantir também que “a repressão vem sendo realizada de forma qualificada, através de análise criminal e dados de inteligência”.
Um em cada três presos diz pertencer a facções
Um levantamento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), órgão do Ministério da Justiça, fez um raio-x do sistema penitenciário brasileiro em 2014, quando o estado possuía a 10ª maior população prisional brasileira, com 15.611 pessoas privadas de liberdade. Diante desse número, segundo o Sinspeb, é possível dizer que cerca de 30% dos presos se declaram, atualmente, membros de facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas.
As informações em relação aos internos que cumprem penas em presídios foram cedidas ao Depen pela Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), enquanto os dados sobre custodiados em delegacias foram fornecidos pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP). No estado, em 2014, dos 15.611 referentes à população carcerária, 12.249 estavam em presídios. Deste universo, 11.664 eram homens e 585 mulheres. Já os presos em delegacias somavam 3.362, dos quais 3.284 são homens e 78 mulheres.
No levantamento, o estado com mais presos é São Paulo, com 220.030, seguido de Minas Gerais, com 61.392, e Rio de Janeiro, com 40.301.
Segundo o balanço, o número de presos sem condenação na Bahia é de 6.632. Os sem condenação com mais de 90 dias de aprisionamento eram, na época, 1.737. Logo, o percentual de presos sem condenação detidos há mais de 90 dias era de 26%. Com base neste recorte, a Bahia ocupava a 10ª posição – o 9º lugar é dos estados de Roraima e Pernambuco, com 29%, e a primeira posição é dividida pelo Amazonas e Amapá com 44%.

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