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Del Nero deixou seu cargo na Fifa. Presidente da Conmebol, Nepout (à direita
na foto) foi preso nesta quinta
Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira, presidente e ex-presidente da
Confederação Brasileira de Futebol, estão envolvidos no escândalo de corrupção
que acabou na prisão de Juan Ángel Napout, presidente da Conmebol, e Alfredo
Hawit, presidenta da Concacaf. Segundo o jornal The New York Times, os
dirigentes brasileiros também serão acusados na coletiva de imprensa que será
dada pela Justiça americana nesta quinta-feira.
"Tão importante quanto as prisões no hotel, as acusações a serem anunciadas
estão concentradas em pessoas em Zurique. Entre elas, estão novos réus como
Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e Marco Polo Del Nero, atual presidente,
de acordo com muitas pessoas envolvidas nas acusações", disse o jornal.
Napout e Hawit foram presos em um hotel na manhã desta quinta-feira em um
hotel na Suíça, o mesmo que resultou na prisão de sete dirigentes em maio deste
ano.
As investigações da polícia americana envolveriam dirigentes da Fifa em casos
de extorsão, lavagem de dinheiro e fraude. De acordo com o "New York Times",
mais 12 dirigentes serão denunciados:
Reynaldo Vasquez
(Vice-presidente da Federação de El Salvador),
Carlos
Chávez (Ex-presidente da Federação boliviana de futebol e tesoureiro da
Conmebol),
Eduardo Deluca (Federação Argentina),
José
Luis Meiszner (Federação Argentina e ex-Secretário-Geral da Conmebol),
Luis Chiriboga (Federação Equatoriana),
Ariel
Alvarado (Presidente da Federação Panamenha),
Romer
Osuna (Presidente da Federação Boliviana),
Héctor
Trujillo (Secretário-geral da Federação Guatemalteca),
Manuel
Burga (Ex-presidente da Federação Peruana),
Rafael
Callejas (Federação Hondurenha),
Brayan Jiménez
(Presidente da Federação Guatemalteca) e
Rafael Salguero
(Ex-presidente da federação guatemalteca de futebol e membro do Comitê executivo
da Fifa).
A promotoria geral dos Estados Unidos já anunciou uma coletiva de imprensa
para a tarde desta quinta-feira em que falará sobre as prisões em Zurique.
Loreta Lynch liderará as explicações para os jornalistas. Segundo o jornal
americano, a promotora citará os brasileiros no evento.
Del Nero é investigado pelo FBI há meses. Os EUA apuram negociações de
contrato da CBF e autorizados por Del Nero com a Traffic, empresa que
comercializa eventos esportivos. Proprietário da Traffic, José Hawilla acertou
delação premiada com a Justiça norte-americana para evitar prisão em regime
fechado nos EUA.
As autoridades avaliam se Del Nero obrigou a Traffic a
compartilhar contratos da Copa do Brasil com a Klefer a partir de 2011. A
Traffic detinha exclusividade no gerenciamento das transmissões do torneio
promovido pela CBF até então. Segundo O Estado de S. Paulo, a Klefer pagaria à
CBF R$ 128 milhões para ter direito aos torneios de 2015 a 2022, deixando a
Traffic de Hawilla em segundo plano.
Em 27 de maio, Del Nero declarou que os contratos suspeitos e investigados
pela Justiça norte-americana foram assinados por ex-presidentes da CBF. Del Nero
se refere ao acordo assinado pela CBF com a Nike, além de contratos televisivos.
Nos últimos meses, o cartola tem se negado a responder qualquer pergunta sobre
supostas irregularidades em sua gestão.
O FBI investiga Ricardo Teixeira e conta com a colaboração de José Hawilla,
ex-parceiro comercial de Teixeira. Para não ser preso em regime fechado, J.
Hawilla relatou detalhes de esquemas feitos na época em que comandava da
Traffic, tendo Teixeira gerindo a CBF.
Em áudio obtido após conversa telefônica entre Hawilla e Marin, foi apurado
pela Justiça dos EUA que a Traffic pagava propina de R$ 2 milhões por ano para
ter direitos da Copa do Brasil. Em determinado momento, Marin pede para que
Teixeira não receba mais parte da propina. O acerto fraudulento também
envolveria Marco Polo Del Nero.
Com as duas prisões desta quinta-feira, chega a nove o número de dirigentes
detidos na investigação na Fifa. Antes deles, José Maria Marin (regime de prisão
domiciliar), Jeffrey Webb, Eugenio Figueredo, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas
Takkas e Rafael Esquivel tiveram destino semelhante.
Nesta quinta-feira, o FBI fez uma varredura nos escritórios da Imagina/Bein
Sports, em Miami. A empresa espanhola é acusada de ter pagado suborno em
torneios de alto escalão do futebol da América do Sul e do Norte.