quarta-feira, 21 de agosto de 2013

GAROTO SOFRE BULLYNG EM ESCOLA E AINDA FOI AGREDIDO FISICAMENTE


Depois de muito pensar, e tomada pela sensação de abandono e violência decidi escrever, visto que você tem sido a pessoa que oferta voz a esse povo tão sofrido. Um povo esquecido, que vem a cada dia sendo violentado pelas autoridades, de modo que na maioria das vezes nada nos resta, a não ser o silêncio.

A situação que venho relatar é vergonhosa, não encontro palavras para descrever, mas é no mínimo esdrúxula. Meu sobrinho, uma criança de apenas 12 anos foi vítima de uma agressão física, violenta e planejada, decorrente de uma situação de bullyng no contexto escolar.

Uma outra "criança" também da mesma idade foi a autora desse ato violento, que comoveu todos aqueles que se depararam com a situação. Falo criança entre aspas, porque nesse momento me pergunto até onde ainda temos nossas crianças, inocentes como outrora.

Meu sobrinho é estudante do sexto ano (quinta série), da Escola Municipal Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, localizada nas Casas Populares. Ele frequenta as aulas normais no período da manhã, e a tarde desloca-se até a escola para participar do programa Mais Educação, que até onde sei seria de responsabilidade da escola.
Ao chegar em casa, o menor em questão relatou que encontrava-se já no interior da escola, aguardando o professor responsável pelo programa, quando após uma situação envolvendo outros dois alunos alguém da escola os colocou para fora . Nesse momento, começaram as agressões verbais, quando o agressor passou a chamá-lo de "viado". Não satisfeito com a coação verbal, que traumatizou a criança, o menino passou a agredi-lo fisicamente. Desferiu socos e como se não bastasse, empurrou-o contra pedras que deixaram-no na situação que mostra as imagens.

Meu sobrinho chegou em casa ensanguentado e chorando muito, alegando que havia levado uma surra de um colega que achava que ele era "viado". A primeira atitude que tomei foi levá-lo até o hospital, ele foi medicado e em seguida liberado.

Ao chegar em casa e já mais tranquila, procurei a Instituição de Ensino, que inicialmente se esquivou da situação, alegando que o fato havia acontecido fora das imediações da escola e por isso não lhes dizia respeito. Indignada com essa postura, exigi a presença da vice-diretora, coordenadora ou sei lá quem fosse, alguém que pudesse responder por aquela instituição.

Quis a presença de alguém responsável porque no momento em que tentava esclarecer os fatos, o porteiro da escola alegou que EU (enquanto família) deveria ter tomado uma atitude antes, e eu agora me pergunto, como assim? Temos agora que invadir as escolas e resolver pessoalmente as situações que envolvem nossas crianças? E os professores? Coordenadores? Gestores? Que papel passam a ocupar nesse novo cenário? Assistem enquanto as famílias resolvem entre si, eu não conhecia esse modelo e fico horrorizada com esses novos arranjos, onde a família não possui participação direta.

Posteriormente procuramos por conta própria a família do menor agressor, e aí sim eu me senti extremamente violentada. Os pais do menor até foram a casa do meu sobrinho, observaram a situação com descaso e disseram que devia ser coisa de criança. Coisa de criança? Que tipo de criança? Acreditamos enquanto família que a mínima atitude que poderiam tomar seria arcar com as despesas. No entanto, apesar de levaram consigo a receita médica afirmando que comprariam a medicação, já a noite voltaram dizendo que não comprariam nada, que conversando com o filho ele disse que não havia feito nada. A mãe do agressor teve a cara de pau de dizer: "Se quiserem o remédio procurem a escola, não vou deixar de acreditar no meu filho pra acreditar no de vocês".

Sabe Netto, inicialmente, humana que sou fiquei com muita raiva desse menor pelo que fez com meu sobrinho. Mas depois dessa atitude dos pais, fiquei pensando e cheguei a conclusão de que ele também é vítima. O que se poderia esperar de uma criança com pais que tem esse tipo de atitude? O que poderíamos esperar de uma criança vítima de uma família sem estrutura? O único sentimento que tenho por essa criança é pena, fico pensado no futuro que a aguarda, pois a responsabilidade com a educação e limites que antes era das famílias, hoje vem sendo repassada para a polícia, o crime, o mundo.

Muitas perguntas ficam em mim. Qual o papel da escola? Dos gestores? Que estrutura essas escolas estão tendo pra funcionarem em dois turnos? O que esse sistema está fazendo com nossas crianças? E para a família dessa criança,a equipe da escola, a gestão municipal, as autoridades competentes e também para nós enquanto família do meu sobrinho ficam as perguntas: Qual o nosso papel? Que marcas queremos deixar?

Peço que publique o meu desabafo, bem como que possibilite a divulgação por meio do rádio, pois estou cansada desse mundo que sempre se cala.


Atenciosamente,

Ariane Rodrigues dos Santos



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