quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Carro roubado no Detran: "Foi gente daqui de dentro", afirma diretor

Um homem tem o carro apreendido em uma blitz por problemas na documentação, regulariza a situação, vai ao Detran e uma surpresa desagradável quase impossível acontece: o veículo desapareceu. Este relato, noticiado com exclusividade pelo site Bocão News, na noite do último dia 16, saiu do 'passe de mágica' e se transformou em caso de polícia.
 
Isso porque, o proprietário encontrou o carro no estacionamento do Salvador Norte Shopping e foi supreendido com a presença do mais novo dono do veículo, que afirmou ter comprado o automóvel e cuja documentação, inclusive, já estava em novo nome.
 
Após a divulgação deste caso, questionamentos sobre a segurança do órgão e recorrências desta natureza vieram à tona, deixando perguntas no ar: Quem poderia ter roubado o carro? Foi gente de dentro? Entrou ladrão no Detran?
 
Para responder a isso, a reportagem do Bocão News conversou com o diretor do Departamento de Trânsito da Bahia, Major Maurício Botelho, que recebeu a equipe no próprio gabinete e detalhou o sistema de segurança do órgão, as possíveis falhas, o que mudou a partir de então e revelou a resposta sobre o caso: "Foi gente daqui de dentro".
 
Major Botelho explicou que foi surpreendido com a notícia sobre o roubo ralatado acima e que o carro teria sido liberado de uma forma errada. "Erroneamente foi liberado. Estamos apurando e já sabemos que foi liberado por algum servidor que não sabemos quem é. Ao todo, são quatro casos - entre motos e carros - e para cada um instauramos sindicância, já que cada caso é um caso", pontuou o diretor.
 
De acordo com o gestor, desde que os registros apareceram, reuniões estão sendo feitas com responsáveis de cada setor, bem como, com o delegado da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubo de Veículos (DRFRV), Marcos César. "Estamos nos reunindo com o delgado, fizemos câmeras voltarem a funcionar. Isso porque diziam pra gente que a comunidade de Saramandaia que roubava os cabos e na minha opinião, não é. Os cabos estavam partidos aqui dentro, ou seja, veio daqui de dentro, de gente daqui de dentro. Já está provado por A + B que os cabos partidos estão aqui dentro", afirmou.
 
Ainda de acordo com Botelho, mudanças administrativas também foram feitas afim de coibir ações criminosas. "Fizemos a nomeação de um major para coordenar o setor de fiscalização e liberação de veículos. Sempre houve esta fiscalização, mas não era de um oficial da polícia. O pátio está mais iluminado e fizemos a transferência e exoneração de alguns servidores", relatou.
 
 
Questionado sobre a segurança feita no órgão, o diretor explicou que a fiscalização dos veículos é feita em turno diurno, "em expediente normal e o recebimento de veículos nos plantões. Mas, a a liberação não. Por isso, achamos que estes veículos (referindo-se aos com registro de roubo) saíram nos horários da madrugada, quando não tinha expediente no órgão". 
 
A ovelha negra do Detran
 
Contando sobre a situação do condutor, vítima da história que abre esta matéria, Botelho disse que "ele veio ao órgão e nós pedimos que ele fizesse um requerimento dando uma queixa para que a gente tivesse algo de concreto nas mãos. Não demos resposta a ele de imediato porque estávamos apurando, investigando. Tivemos que instaurar um processo investigatório e constituir uma comissão de sindicância", afirmou, pontuando que esta sindicância é formada por quatro servidores. "Estou procurando colocar servidores da casa e PMs para dar um cunho policial à investigação". 
 
Quase dois mil servidores trabalham no Detran. No pátio do órgão público é possivel verificar a quantidade de carros que lotam o estacionamento. Cerca de 1.200 veículos  - entre motos e carros - disputam uma vaga cada vez mais escassa no local.
 
"A partir de três meses com o carro aqui no pátio o proprietário do veículo é notificado. Não comparecendo, em 30 dias é feito um leilão", explicou Botelho.
 
Mas, o que chama a atenção é a forma como um carro pode sair do prédio sem ser impedido, registrado ou sinalizado por alguém. "Sempre tem uma ovelha negra. Ainda não temos provas, mas estamos fazendo intervenções. Troca de coordenador da fiscalização, aumento na quantidade de servidores, troca de coordenador da segurança do pátio. O culpado, se for servidor efetivo - um PM ou funcionário do Detran que vem de carreira - se instaura um processo administrativo já sabendo quem é e esta pessoa pode ser demitida. Se for um servidor normal - REDA ou cargo comissionado - exonero e apresento à Polícia Civil", detalhou o diretor.

 
Em dois anos e meio à frente da pasta, Botelho revela que este tipo de caso  - em que o carro sai e depois aparece como sendo roubado - é a primeira vez. O diretor reforça que os veículos apreendidos só podem ser retirados pelo próprio dono ou por alguém que tenha procuração. E documentações como comprovante de residência, identidade e o pagamento do débito devem ser apresentados para que haja a liberação.
 
Lamentando o ocorrido, Major Botelho ressalta que para que haja um crime como este é preciso que se tenha uma quadrilha. "Hoje é difícil alguém fazer isso sozinho porque sempre vai precisar da autorização de X ou Y e temos segurança em nossas máquinas. Tanto que, este carro roubado ainda consta em nosso sistema como se estivesse no pátio. Não fizeram a liberação da forma correta, não deram baixa. Estamos fazendo o possível. O clima hoje aqui é tenso, temeroso e assusta. E isso é bom. Se for comprovado que a falha foi do órgão, a vítima - sem dúvida, será ressarcida", concluiu.
 
Em 30 dias deve sair o resultado da sindicância.

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