A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (23) a 50ª fase da Operação Lava Jato, denominada Operação Sothis 2, e está cumprindo três mandados de busca e apreensão nos Estados da Bahia (Salvador) e de São Paulo (Campinas e Paulínia).
As medidas cumpridas são relacionadas às investigações conduzidas no âmbito da 47ª fase da Operação. Os pedidos foram feitos pelo MPF (Ministério Público Federal) e atendidos pelo juiz federal Sergio Moro, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba.

"As buscas e apreensões cumpridas na data de hoje têm por objetivo a colheita de material probatório que possa auxiliar a conclusão das investigações", diz a PF.
As suspeitas são de que um empresário pagou R$ 2,3 milhões em propinas para José Antônio de Jesus, um ex-gerente da Transpetro (subsidiária da Petrobras na área de transporte) que cumpre prisão preventiva em Curitiba.  Ele é réu em ação penal sobre corrupção e lavagem de dinheiro.
Segundo a Lava Jato, as propinas eram destinadas ao PT, que nega as acusações. O UOL não conseguiu contado com a defesa de Jesus.
As investigações tiveram início com a delação premiada de executivos da NM Engenharia, que informaram o pagamento de propinas a Jesus por contratos celebrados com a estatal.
A partir da delação e após o aprofundamento das investigações os agentes da força-tarefa deflagraram a 47ª fase da Lava Jato, em novembro do ano passado. Na época um dos investigados disse que houve outros pagamentos indevidos em favor de Jesus, especialmente pela Meta Manutenção e Instalações Industriais Ltda.
Quebras de sigilo bancário, fiscal, telemático e de registros telefônicos mostraram transações bancárias entre a Meta Manutenção e uma empresa vinculada a Jesus, entre os anos de 2009 e 2011, que somaram a quantia de R$ 2,3 milhões.
Jesus já é acusado, junto a familiares e intermediários, de ter operacionalizado o recebimento de R$ 7 milhões de propinas pagas pela empresa NM Engenharia, entre setembro de 2009 e março de 2014.
"As provas colhidas até o momento indicam ainda que, logo após as transferências dos recursos pela Meta Manutenção, familiares de José Antônio de Jesus foram favorecidos com operações bancárias diretas da empresa vinculada ao ex-gerente da Transpetro, evidenciando que foi utilizada apenas para esconder a origem ilícita dos valores", informou a PF por meio de nota.
Segundo as investigações, o ex-gerente pediu inicialmente o pagamento de 1% do valor dos contratos da empresa com a Transpetro como propina. Entretanto, o acerto final ficou em 0,5%.
"Este valor foi pago mensalmente em benefício do PT, de modo independente dos pagamentos feitos pela mesma empresa [de enganheria] a pedido da presidência da Transpetro, e que eram redirecionados ao PMDB". Jesus se desligou da subsidiária da Petrobras recentemente, diz o MPF na denúncia.

Assassinato de ex-sócio

Um dos alvos da Sothis, o empresário José Roberto Soares Vieira, que foi sócio de José Antônio de Jesus na JRA Transportes, foi assassinado em janeiro deste ano com nove tiros na cidade de Candeias, na Bahia. Ele havia ajudado a força-tarefa da Lava Jato a rastrear pagamentos a Jesus. Em depoimento à época, tinha dito que seu ex-sócio e agente público recebia pagamentos de empresas contratadas por subsidiárias da Petrobras sem ter prestado qualquer serviço.
O MPF chegou a pedir prisão temporária de Vieira, mas ela foi indeferida pelo juiz federal Sérgio Moro.
A Procuradoria sustenta que a JRA Transportes e a Sirius, ligadas ao ex-gerente da Transpetro, eram usadas para o recebimento de propinas da NM.
Além da NM Engenharia, o ex-sócio de José Antonio revelou à Polícia Federal que outras prestadoras de serviços de subsidiárias da Petrobras faziam pagamentos à JRA, como foi o caso da Meta Manutenção. De acordo com José Roberto, os pagamentos da Meta eram ainda maiores do que os da NM Engenharia, alvo da 47ª fase da Lava Jato, e nunca houve prestação de serviços.

Fonte:  UOL