quarta-feira, 8 de abril de 2015

SAÚDE: DIA MUNDIA DE COMBATE AO CÂNCER

Retirada dos ovários ou dos hábitos ruins?
Dra Mariela Silveira - Kurotel

O câncer de ovário é um dos mais difíceis de serem diagnosticados e pelo fato de apresentar poucos sintomas. Por isto, a prevenção é de extrema importância. A atriz Angelina Jolie novamente se antecipou ao aparecimento de um possível câncer, por razões genéticas, e optou por fazer a retirada cirúrgica dos ovários. Esta é uma atitude, sem dúvida nenhuma, que deve ser respeitada e considerada para quem recebe uma informação de possuir um gene BRCA1 ou BRCA2 com mutação, que indica probabilidade elevada do desenvolvimento da doença. Contudo, vale lembrar que atualmente, alguns fatores relacionados ao estilo de vida já são conhecidos. Assim, não há pretensão em definir a conduta como correta ou errada, mas apenas de aproveitar a oportunidade para se alertar para a relação dos hábitos de vida com a saúde e prevenção de câncer.

Tão comentado quanto a amputação de um órgão, deveria ser falado em medidas impactantes para prevenção dos cânceres em geral, como é o caso do exercício físico, por exemplo, que tem papel muito importante na prevenção de cânceres; além de ser uma prática barata e populacional. Boa parte da população ainda desconhece que há mais a fazer para prevenir o câncer, do que se imagina. 30 a 40% dos cânceres podem ser prevenidos com estilo de vida saudável, sundo o World Cancer Foundation.

Ainda que por vezes conflitantes, as evidências científicas buscam correlacionar os fatores nutricionais também com a incidência de câncer de ovários. Muitos estudos epidemiológicos sugerem que o consumo de gordura na alimentação e carnes podem aumentar o risco para câncer de ovário. Um trabalho intitulado Netherlands Cohort Study estudou 62573 mulheres na pós menopausa e verificou a associação desta doença com a ingestão de gordura total, os tipos de lipídios que estavam sendo ingeridos, carnes fresca e processada, e peixe. Depois de 16 anos de acompanhamento, não se identificou associações clara entre carnes e câncer de ovário, mas se achou associação positiva entre o consumo de ácidos graxos insaturados trans e o risco de câncer de ovário. A American Association for Cancer Research journal publicou um artigo em 2008 que mostrava que mulheres que tomavam uma chicara de chá verde por dia reduziam em 54% as chances de se desenvolver a doença.

Compostos fenólicos encontrados nas frutas, verduras e chás também se mostram protetores para alguns cânceres, como o de ovário. Esses trabalhos reforçam a importância da alimentação antioxidativa e antiinflamatoria para evitar a doença.

Um estudo sérvio mostra proteção aumentada para mulheres que usavam anticoncepcional e faziam exercício físico, novamente relacionados a fatores ambientais e, portanto, modificáveis.

De acordo com o National Cancer Institute, dos EUA, outros fatores risco para câncer de ovário, com níveis de evidência diferentes, incluem obesidade, nuliparidade (não ter filhos) e uso de terapia de reposição hormonal na pós-menopausa, drogas para fertilização e talco perineal. Por outro lado, entre os fatores associados com a redução de risco de câncer de ovário estão o uso de anticoncepcionais orais (embora estes estejam associados a outros riscos para a saúde), gestações múltiplas, amamentação e ligação tubária.

Com relação a genética, os exames estão cada vez mais acessíveis e o aconselhamento com geneticista passará ser uma prática mais frequente nos próximos anos. É válido mencionar, que todo o exame genético deve ter solicitação criteriosa, e seu resultado deve ter avaliação e acompanhamento transdisciplinar. Independentemente da polêmica conduta tomada a partir do conhecimento do gene, o caso de Angelina nos ajuda a entender que medidas saudáveis são sempre bem vindas, para pessoas que conhecem e que também não conhecem sua genética. O cumprimento desses hábitos não garante o não surgimento do câncer, mas aumenta a proteção e melhora a saúde como um todo.

Recomendações gerais para evitar aparecimento de câncer de ovário:

- Fazer exercício físico regular,
- Ingerir pelo menos 5 porções de frutas ou verduras por dia,
- Tomar chá verde (ou vermelho ou branco) regularmente,
- Não consumir gorduras trans e evitar excesso de carnes vermelhas,
- Manter IMC (índice de massa corporal normal),
- Evitar uso de talco,
- Evitar infecções genitais, mantendo boa higiene e uso de preservativo na atividade sexual,
- Não fumar,
- Consumir álcool em moderação (ou não consumi-lo absolutamente),
- Para mulheres pós- menopausa: evitar uso de terapia de reposição hormonal (quando possível),
- Para mulheres com filhos, procurar amamentar.
- Para mulheres em período fértil: conversar com o médico referente ao uso de anticoncepcional,
- Fazer exame ginecológico e check up de rotina.

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