quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Delatora do “Mensalinho Baiano” vaza provas que mostra envolvimento de petistas com esquema

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Autora das denúncias que apimentaram a reta final das eleições na Bahia, a presidente do Instituto Brasil, Dalva Sele Paiva, foi alvo de toda sorte de acusações. Em especial, de trair, roubar dinheiro público e mentir sobre o envolvimento de petistas graduados em desvios de verbas que deveriam bancar a construção de casas populares. Chamá-la de mentirosa ganha cada vez mais dificuldade.
As 17 cópias de documentos entregues pela dirigente da ONG ao CORREIO mostram as relações entre o instituto e integrantes do Partido dos Trabalhadores na Bahia. Indicam também como parte do caixa da entidade foi parar em contas de pessoas ligadas a parlamentares do partido e ou a políticos da base aliada ao governo Jaques Wagner.
No lote de cópias de documentos que compõe parte do baú que Dalva Sele diz ter, dois se referem à campanha do senador Walter Pinheiro (PT) para prefeito de Salvador em 2008. O primeiro é a reprodução de um relatório contendo dados sobre três cheques da conta-corrente do instituto na agência do Banco do Brasil do Rio Vermelho.A dois deles – 
os de números 850761 e 850022 – são atribuídos o valor de R$ 100 mil cada. O terceiro, de nº 850916, tem valor informado de R$ 60 mil. Os
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 primeiros, segundo o relatório entregue também ao Ministério Público do Estado, estão datados de 24 de outubro de 2008.
Trata-se da sexta-feira que antecede a votação do segundo turno em Salvador, quando Pinheiro acabou derrotado pelo então prefeito João Henrique.
“Os dois cheques foram entregues para o tesoureiro da campanha de Pinheiro e sacados bem perto do dia da votação, depois do expediente bancário. Lembro que os saques foram feitos em uma agência da Caixa Econômica do Garcia. O terceiro cheque entreguei pessoalmente a um secretário dele, Alisson”, afirmou Dalva Sele, em entrevista ao CORREIO, da Suíça, onde ela estava até ontem.
O segundo documento é a cópia de um recibo, datado de 19 de dezembro de 2008 e supostamente assinado por Alisson Santos de Souza, apontado por Dalva como o secretário da campanha de Pinheiro.
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A repodução traz uma rubrica atribuída a Alisson, antecedida pela confirmação do recebimento de um cheque de R$ 60 mil, mesmo valor e numeração discriminados por Dalva no relatório.
A única referência no recibo é sobre o pagamento por “serviços prestados”, sem discriminação do tipo. Pinheiro foi procurado, mas respondeu, através de sua assessoria de imprensa, que não iria se pronunciar sobre o caso.
RTEmagicC_dalva_docs_3.jpgTransferências
Na série de documentos encaminhados pela presidente da ONG, há a cópia de um comprovante de transferência eletrônica feita a partir da conta do instituto no Bradesco da Avenida Tancredo Neves, no valor de R$ 35 mil. O favorecido é Francisco Fidalgo Sanchez, irmão da deputada estadual Maria Del Carmen (PT).
Ainda de acordo com Dalva Sele, a transferência, datada de 25 de janeiro de 2006, teve como destino a campanha da então vereadora de Salvador à Assembleia, quando ela recebeu 19 mil votos, mas não conseguiu se eleger.
Em entrevista anterior, Maria Del Carmen havia confirmado que seu irmão recebeu dinheiro do instituto, mas garantiu que se travava de pagamento de um empréstimo. Ao CORREIO, a deputada informou que só iria se pronunciar após a publicação da matéria.
Outro comprovante entregue por Dalva, de 28 de fevereiro de 2008, mostra um depósito na conta do presidente da Embratur, o baiano Vicente Neto, ligado ao PCdoB e ex-dirigente da CUT.
“Nunca recebi qualquer pagamento da referida instituição. Tal calúnia será respondida em âmbito judicial”, rebateu Vicente Neto. Segundo ele, trata-se de depósito feito por ele mesmo em sua conta pessoal, conforme indicam as iniciais VJ no documento.
Ministério Público aguarda dados financeiros de quatro bancos
O Ministério Público do Estado (MPE) aguarda as informações financeiras de quatro bancos que movimentaram recursos relacionados ao Instituto Brasil e à presidente da entidade, Dalva Sele Paiva.
Segundo a promotora Rita Tourinho, do Grupo Especial de Atuação em Defesa do Patrimônio Público (Gepam), as informações são fundamentais para a consolidação do processo.
“Seis bancos já encaminharam, mas com esses a gente não consolida. Os principais, que movimentavam mais dinheiro, ainda não mandaram. Nós pedimos à Justiça que oficiasse aos bancos mais uma vez na semana passada e estamos aguardando para ver”, diz.
A promotora adianta que não estão descartados pedidos de quebra de bloqueio dos outros investigados no processo futuramente. “Pedi a quebra do instituto e de Dalva, a princípio. Existe (a expectativa de novos pedidos). Vamos ver como vão caminhar as coisas”, afirma a promotora.
Segundo Rita Tourinho, os documentos encaminhados ao MP por Dalva Sele estão sendo analisados para ser colocados nos contextos corretos. “Ela (Dalva Sele) encaminhou documentos, mas a gente manteve o sigilo porque queremos entender os contextos dos mesmos”, diz.
Segundo a promotora, o ministério aguarda o retorno da presidente do Instituto Brasil para ouvi-la. “Quando ela voltar, será ouvida, ainda não se sabe quando será esse retorno”, afirma.
RTEmagicC_575d04620d.jpgParentes de políticos na folha de pagamento
Entre as cópias de documentos enviados ao CORREIO pela presidente do Instituto Brasil, um lote se refere especificamente à folha de pagamento da ONG. De acordo com Dalva Sele Paiva, ela só decidiu divulgar os documentos depois que foi atacada pelos antigos aliados do PT, partido onde sempre foi militante destacada. No total, foram enviadas seis cópias de contracheques.
Destes, quatro são atribuídos a parentes de políticos do PT e da base aliada. Uma das cópias do documento traz o nome de Sandra Helena Pelegrino Marques, segundo Dalva Sele, irmã do deputado federal Nelson Pelegrino (PT) e ex-diretora administrativa da ONG entre julho e outubro de 2006.
Em outro, surge o nome de George Portela, primo de Pelegrino, ainda de acordo com Dalva Sele. George aparece como coordenador de projetos da ONG. Na lista de ex-empregados do instituto consta o nome da mulher de Ney Campello, secretário especial para Assuntos da Copa (Secopa) e integrante do PCdoB. De acordo com a cópia do contracheque, Ednalva Lago exerceu a função de gerente de pedagogia da ONG entre julho de 2006 a fevereiro de 2007.
Já o filho da deputada Maria Del Carmen, André Fidalgo, exerceu o cargo de coordenador entre setembro de 2005 e junho de 2006. Dalva Sele reforçou que os documentos não se referem a nenhuma ilegalidade cometida na contratação de pessoal para trabalhar na entidade.
Segundo ela, a divulgação foi para mostrar que “eles (os políticos do PT), ao contrário do que dizem agora, me conheciam”.Nomes de familiares e pessoas ligadas a políticos da base aliada aparecem na lista de funcionários da ONG
Fonte: Correio 24 Horas

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