Amarrei a chuteira e dei um beijo’, diz avô de menino morto em Bangu
Kayo da Silva Costa foi atingido por uma bala perdida, na frente do fórum.
Avô se emociona ao lembrar que neto disputaria jogo neste fim de semana.
O marido da avó do menino Kayo da Silva Costa, 8 anos, se emociona ao lembrar dos últimos momentos que teve ao lado do neto de consideração. Juamir Rosário conta que antes do menino sair para mais um treino de futebol de salão no Bangu, nesta quinta-feira (31), ele ajudou a amarrar as chuteiras e deu um beijo no garoto.
O sonho da criança de se tornar um jogador famoso foi interrompido por uma bala perdida, no confronto entre criminosos e policiais, na saída do fórum de Bangu, na Zona Oeste do Rio. Na ação, resultado de uma tentativa frustrada de libertar presos que prestariam depoimento no fórum, um PM e outras duas pessoas ficaram feridas.
“Ele era filho único. A minha enteada estava morando com ele na minha casa porque a deles estava em obra. Amarrei a chuteirinha dele e dei um beijo. Ninguém esperava que isso ia acontecer”, desabafou Juamir, na noite desta quinta, na porta do IML, enquanto aguardava a liberação do corpo. Até a madrugada de sexta (1º), a família não havia informado detalhes do velório.
Kayo estava ao lado da avó Rosana da Silva, esposa de Juamir, quando o conflito ocorreu. Assim, como fazia todas as terças e quintas, ele seguia para a aula de futebol no clube, que fica próximo ao fórum. A avó foi atingida por estilhaços. O avô lembra do presente antecipado de Natal que o menino pediu – uma chuteira do Neymar - que seria usada no jogo que teria neste fim de semana.
“Ele pediu uma chuteira do Neymar ao Papai Noel. Mas como ele tinha uma final pelo Bangu esse final de semana, nós íamos comprar logo para dar de presente.É um futuro jogado fora. A ficha da família não caiu”, falou Juamir, na porta do Instituto Médico Legal, onde esperava a liberação do corpo do menino.
Carro usado por criminosos é achado
Um dos carros que teria sido usado por criminosos na invasão ao fórum de Bangu na Zona Oeste do Rio, foi encontrado em um posto de gasolina em Padre Miguel, pouco depois das 21h desta quinta-feira (31). A polícia fez perícia no carro, um Hyundai i30, e continua a busca por outro veículo usado e pelos criminosos, que conseguiram fugir. "Foi uma ação com grande número de pessoas. Três entraram pela frente do fórum, armados de fuzis", contou o delegado Alan Duarte, da Divisão de Homicídios (DH).
Um dos carros que teria sido usado por criminosos na invasão ao fórum de Bangu na Zona Oeste do Rio, foi encontrado em um posto de gasolina em Padre Miguel, pouco depois das 21h desta quinta-feira (31). A polícia fez perícia no carro, um Hyundai i30, e continua a busca por outro veículo usado e pelos criminosos, que conseguiram fugir. "Foi uma ação com grande número de pessoas. Três entraram pela frente do fórum, armados de fuzis", contou o delegado Alan Duarte, da Divisão de Homicídios (DH).
Segundo a sala de polícia do Hospital Albert Schweitzer, a mulher ferida é uma idosa, foi baleada no abdômen dentro de um ônibus, passa bem e tem quadro de saúde estável. Segundo o porta-voz da PM, Cláudio Costa, o policial ferido passava por cirurgia para retirada de bala na cabeça por volta das 20h30 e seu estado de saúde é gravíssimo.
Menino 'educado'
De acordo com testemunhas, o menino havia acabado de sair do treino quando ocorreu o tiroteio. O técnico do time dele, Luis Manoel Ávila, foi ao local e passou mal. O atleta Guilherme Pinajé treina no clube e falou sobre Kayo: “Era um menino educado e que chegava cedo para treinar".
De acordo com testemunhas, o menino havia acabado de sair do treino quando ocorreu o tiroteio. O técnico do time dele, Luis Manoel Ávila, foi ao local e passou mal. O atleta Guilherme Pinajé treina no clube e falou sobre Kayo: “Era um menino educado e que chegava cedo para treinar".
Pelo menos quatro criminosos queriam libertar Alexandre Bandeira de Melo, o “Piolho”, de 40 anos, apontado como chefe do tráfico do Morro do Dezoito, e Vanderlan Ramos da Silva, o "Chocolate", 30 anos, também líder do tráfico, de favelas de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Piolho foi preso em 2012 em Jacarepaguá, na Zona Oeste. Segundo a polícia, havia seis mandados de prisão pelos crimes de homicídio, tráfico, associação para o tráfico, roubo e formação de quadrilha.
Beltrame pede transferência
Segundo a Secretaria Estado de Segurança, o secretário José Mariano Beltrame solicitou a transferência dos dois para presídios federais, "considerando a audácia e as consequências que a ação provocou".
Segundo a Secretaria Estado de Segurança, o secretário José Mariano Beltrame solicitou a transferência dos dois para presídios federais, "considerando a audácia e as consequências que a ação provocou".
O juiz responsável pela comarca da 1ª Vara Criminal de Bangu, Alexandre Abrahão Dias, disse que a audiência na qual "Piolho" era testemunha havia muitos policiais, que não são obrigados a tirarem suas armas durante os depoimentos. Ao chegarem atirando para libertar o criminoso, eles foram surpreendidos e fugiram. Muitos tiros foram disparados durante a fuga dos bandidos, que não foram localizados até as 20h30. A polícia reforçou o patrulhamento por tempo indeterminado e faz varreduras na áera para tentar achar os criminosos.
Uma testemunha que não quis se identificar disse que estava no sinal, na esquina da Rua 12 de Fevereiro, onde fica o fórum. "Eu era o primeiro carro quando vi quatro homens fechando a rua com fuzis e pistolas. Eles falavam para as pessoas ficarem tranquilas. Aí avistaram a viatura no trânsito e começaram atirar. Na porta do fórum, tinha mais uns oito a dez homens todos de preto. Só um estava com o rosto descoberto. Eu me abaixei junto com a minha cunhada no carro e fiquei esperando eles pararem de atirar. Meu carro recebeu muito tiro e está todo estourado", contou.
De acordo com a PM, os criminosos estavam fortemente armados com fuzis, divididos em pelo menos dois carros. O comércio foi fechado após o tiroteio.
O 14º BPM afirmou que não foi informado pelo TJ de que haveria o depoimento desse traficante, por isso o policiamento não foi reforçado.
Até as 18h30, a assessoria do TJ-RJ não havia se pronunciado sobre a segurança do fórum. O cruzamento das ruas Francisco Real e Silva Cardoso estava interditado por volta das 19h30, de acordo com o Centro de Operações da Prefeitura.
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