quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Delegado diz estar com dificuldades para renovar prisões de donos da boate Kiss e de músicos 205

O delegado Marcelo Arigony, que cuida das investigações do incêndio na boate Kiss, confirmou nesta quarta-feira (30) que Elissandro Spohr, conhecido como Kiko, um dos sócios da casa noturna, tentou se matar na noite de ontem (29). Kiko está internado, sob custódia, em um hospital na cidade de Cruz Alta e teria usado a mangueira do chuveiro para tentar se enforcar. "Mas ele está bem e foi agora algemado na cama para evitar novas tentativas", disse o delegado.

Elissandro Spohr está preso temporariamente por cinco dias e deve ser posto em liberdade na sexta-feira (1º). Além dele, estão presos dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira e o outro sócio da boate, Mauro Hoffman. Hoje o delegado disse que está com dificuldades de conseguir prorrogar a prisão dos quatro por motivos legais.






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Veja vítimas do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS)

























Foto 39 de 69 - O casal de namorados Roger Dall"Agnol, 21, e Susiele Cassol, 19, que morreram no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (RS), na madrugada. Roger havia viajado até a cidade para passar o final de semana com a namorada, que era estudante da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) Mais Reprodução/Facebook


"Pedimos a prisão temporária por 30 dias e só conseguimos cinco. Agora precisamos renovar essas prisões e estamos com dificuldade. Não é culpa do promotor, do juiz ou do delegado, é a legislação que exige requisitos muito específicos", explicou Arigony.

Segundo ele, há uma preocupação com a preservação de provas e que os suspeitos possam corromper testemunhas. "Um deles [sócio da boate], por exemplo, tem muita influência sobre os funcionários", explicou.




PERGUNTAS A SEREM RESPONDIDAS



A boate poderia funcionar com apenas uma saída de emergência?

Por decreto não poderia. Mas então por que o Corpo de Bombeiros concedeu o alvará de funcionamento?



Onde estão as imagens do sistema de segurança?

Os primeiros depoimentos dão conta de que a gravação não estaria funcionando



Os seguranças impediram os clientes de sair da boate sem pagar a comanda?

As informações iniciais dizem que isso pode ter ocorrido antes de eles se darem conta de que estava acontecendo o incêndio



A reforma recente na boate pode ter contribuído para causar o incêndio?

O teto pode ter sido rebaixado, o que colocaria o material pirotécnico mais próximo de um isolamento acústico altamente inflamável. O delegado que chefia as investigações disse que a casa noturna havia feito reformas "ao arrepio de qualquer fiscalização, por conta e risco dos proprietários"



Por que os extintores não funcionaram?

A polícia diz que os extintores podem ter sido falsificados



A iluminação de emergência funcionou corretamente?

Polícia investiga hipótese de as pessoas terem ficado presas no banheiro por não conseguirem enxergar a saída por falta de sinalização adequada e excesso de fumaça



Donos permitiram a superlotação?

O local, segundo os bombeiros, comportaria 691 pessoas. Mas polícia estima que mais de mil estavam presentes na hora do incêndio



Apesar disso, o promotor criminal Joel Dutra também afirmou que será difícil manter os suspeitos presos. De acordo com ele, a legislação é feita para privilegiar a liberdade, enquanto não houver julgamento. Questões como o clamor público não podem ser usadas para justificar as prisões temporárias. "É preciso comprovar requisitos muito específicos [de acordo com a jurisprudência], como a possibilidade de fuga ou a reincidência no crime, coisas que aparentemente não são prováveis de acontecer neste caso", explicou.
Segundo ele, o Código de Processo Penal Brasileiro prevê a substituição da prisão por medidas preventivas como proibir que os suspeitos deixem a cidade. Nem a preservação da integridade física dos próprios presos, diante do clima emotivo que se estabeleceu em Santa Maria, poderá ser usada como justificativa para manter a prisão deles. "Caberá ao Estado garantir a integridade dessas pessoas, não se pode mantê-las presas sob essa justificativa", completou o promotor.

Boate atrai legião de curiosos

Não para a romaria de curiosos ao ponto da maior tragédia do Rio Grande do Sul. Na madrugada desta quarta-feira (30), na porta da boate Kiss, gente que não conhecia os mortos estava lá chorando, rezando, levando flores, acendendo velas e exibindo mensagens de protesto.

Tem gente que veio de longe só para ver a Kiss destruída. É o caso de Verônica Andrea da Silveira, 16, de Montenegro (a 200 km). Ela e o namorado Gregory Flores Chaves, 19, vagavam entre os curiosos.

Os dois não conhecem ninguém, nunca foram na boate, mas estavam comovidos: "Eu quero que a prefeitura faça uma praça, um memorial no lugar", pede Verônica – mesmo que o terreno da Kiss fique numa descida, espremido entre dois prédios.

Dona Tiene, 20, trouxe a filha Ana Luíza, 2, para olhar o agito – a menina ficou o tempo todo no carrinho. Um homem que não quis se identificar rezou ajoelhado. Disse que é cigano e paulista. Ele não conhecia ninguém entre os mortos na tragédia.

Um jovem motoqueiro largou o capacete para acender cinco velas. Alguém pintou o nome de Heitor de Oliveira no asfalto, em memória. (Com Agência Brasil)


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